A minha vida imita a minha arte

Espero que gostem
das nossas imitações
colocadas em palavras
virgulando, reticenciando
Nossos mergulhos
Nessa loucura chamada
Pensamento

Luciana Gaffrée

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pour Marie-France...

Marie, de France et d´ailleurs, des pays slaves
Du Sénégal, de la Russie et des vents alisés des Antilles
C´est n´être égal à personne que d´appartenir aux familles
Des Corses qui sentent le vent à l´Ile-Rousse
D´ètre parmi ceux qui glissent sur Bavella et ses aiguilles

Marie, de la mer, de Madagascar et de l`Ile de Ré
De l´air, bleu, comme celui qui couvre les Sanguinaires
Du cri des mouettes qui survolent la Goudeloupe, Jersey
Marie, c´est du crépuscule quand il atteint la Mer du Nord
Elle sent les cocotiers de chez moi et ses noix
Ella a la saveur des fruits de certains fruits déguisés:

les marrons glacés

Marie, sucrée, brune, fine
enveloppée par le verglas, saupoudrée de bruine

Marie France,

fruit exquis, hardi, enfantée par les climats de ses pays.

de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

38 graus - Poema inspirado en Janelas de Minha Alma, de Luciana Gaffrée.

Afundar no sofá, com o termômetro debaixo do braço
Chamar mamãe para auscultar
Ser servido de sopa de batata e de canja quente
Não ter que ir para o batente

Pegar As Cidades e As Serras de Eça de Queiroz já lido mil vezes, todas as vezes de gripe
manusear o exemplar de meu avô
e sentir o cheiro de mofo
ler e sonhar

Dormir, sem culpa, estou doente!
embalado pelo som do relógio meio-carrilhão e o bater das agulhas de tricô de minha mãe
Café com leite, chá, caldo, tudo na cama!

Friozinho aquecido pelo amor de casa...p´ra que curar?

de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

domingo, 27 de novembro de 2011

As Janelas da Minha Alma (de Luciana Gaffrée)


Quando o coração abre de uma vez só
Que nem janela em dia de ventania
Faz barulho e a vizinhança toda vê
Apago logo a luz pra ninguém fotografar

Mesmo assim já entrou o vento forte
Frio, cheiroso e anterior à tempestade
As cortinas se movem histéricas
Prendo logo o cabelo pra não me enredar

Quando o coração abre de uma vez só
Dá vontade de espirrar e tomar muito chá
Usar termômetro e se afundar no sofá
Esperando a invasão de luz passar

de Luciana Gaffrée

Quando eu era muito novo (do poeta português/du poète portugais João Miguel Fernandes Jorge)/Quand j´étais très jeune.

Quando eu era muito novo sentia que me faltava um
lago, superfície que reflectisse o mundo
por inteiro. O meu pai levou-me à lagoa de
Óbidos e tentou mesmo as salinas de Rio Maior “vê
um grande lago salgado” mas só via as quadrículas de terra que
impediam a extensão da água
(era pedir de mais à minha imaginação a troco de meia
dúzia de acções que depressa vendi)
eu queria um lago que pudesse comparar aos versos que trazia
na cabeça (e também no coração)

um lago que espelhasse floresta e montanha (e a lagoa
de Óbidos, se não forem todos os anos ligá-la ao mar
é um charco de onde nunca vi erguer-se um
bando de patos selvagens; mas gosto, e muito, das dunas e dos
pinhais por lá perto; têm musgos de mil verdes
que chamam por ti, com a paixão de um bramido do mar)

um lago que me trouxesse nas nuvens todas do céu
e quando a luz rebatesse a ondeante vaga
saberia que nenhuma imagem pode ser igual a nenhum outro
verso
o lago, eu queria; não era uma chapa de sal nem bacia de
peixes mortos, era descer e descer na região mais sombria

lago que procurava
em sofrimento e medo
por detrás do vidro, o lago
haveria de surgir sem geografia, sem tempo
quando a barca que pousa na margem
me deu o azar e o erro
de nela embarcar um verso e
de partir a remar.


Quand j´étais très jeune je sentais qu´il me manquait un
lac, une surface pour refléchir le monde
entier. Mon père m´a amené à la lagune d´
Óbidos et il a même essayé les marais salants de Rio Maior "vois-tu
un laca salé", mais je n´ai vu que les carrés de terre qui
empêchaient l´extension de l´eau
(c´était trop demander à mon imagination en échange de quelques
actions que vite j´ai vendues)
Je voulais un lac que je pourrais comparer aux vers que je portais
dans la tête (et aussi dans le coeur)

un lac pour refléchir la forêt et la nature (et la lagune
d´Óbidos, si ce n´était pas toutes ces années la reliant à la mer
c´est une marre d´où je n´ai jamais vu s´envoler une
bande de canards sauvages, mais j´aime, et beaucoup, les dunes et les
pinèdes dans les alentours: elles ont de la mousse de mille tonalités de vert
qui t´appellent, avec la passion d´un mugissement de la mer)

un lac qui m´apporterait dans tous les nuages du ciel
et quand la lumière rabattue sur la vague houleuse
je saurais qu´aucune image peut être égale à aucun autre vers
le lac, je ne voulais pas: ce n´était pas une plaque de sel ni un bassin de
poissons morts, c´était descendre et descendre dans la région la plus sombre.

le lac que je cherchais
en souffrance et en peur
derrière la vitre, le lac
surgirait sans géographie, sans temps
m´a apporté la malchance et l´erreur
d´y embarquer un vers et
de partir en ramant.

Versão para o francês/version en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson.

III Turvos Dizeres e Alguns Círculos(do poeta português/du poète portugais João Miguel Fernandes Jorge)/Les troubles paroles.et Quelques Cercles.

Procuremos nestas águas um exemplo
onde esteja toda a significação
quatro espécies de mar se distinguem
mar
correctivo da paixão
mar correctivo do conhecimento.

O mar é somente a nossa imaginação
é o poder mais ímpio
como corrigi-lo?

Propus-me fundar uma ciência do mar.
Qual o seu projecto?
Escolhendo defino excluo
Projecto de água.


Cherchons dans ces eaux un exemple
où il y ait toute la signification
quatre espèces de mer se distinguent
mer
correctif de la passion
mer correctif de la connaissance.

La mer n´est que notre imagination
c´est le pouvoir le plus impie
comment le corriger?

Je me suis proposer à fonder une sciende de la mer.
Quel est le projet?
En définissant je définis j´exclue
Projet d´eau.

Versão para o francês/version en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

II Turvos Dizeres e Alguns Círculos(do poeta português/du poète portugais João Miguel Fernandes Jorge)/Les troubles paroles.et Quelques Cercles.

Dispõe as aves, todas as aves no lugar,
à beira-mar, do lado sombrio das dunas. Os sentimentos
são decididos, duram, duram longas horas, o vento da tarde,
sob os olhos da água, sob a dureza de novembro.

Dispões o percurso das aves,
as estradas
que se repetem pela noite, as grandes migrações.
As gares, as cidades que significam para ti,
as aves sobre as ilhas, outras ilhas, a paisagem
que temos à nossa volta, que significa para ti,
repentinamente por que não cantamos a força de tudo isto?

Dispose les oiseaux, tous les oiseaux sur place,
au bord de mer, du côté sombre des dunes. Les sentiments
sont décidés, durent, durent de longues heures, le vent de l´après-midi,
sous les yeux de l´eau, sous la dureté de novembre.

Dispose le parcours des oiseaux,
les routes
qui se répètent par la nuit, les grandes migrations.
Les gares, les villes quel est leur sens pour toi,
les oiseaux sur les îles, d´autres îles, le paysage
que nous avons autour de nous, quel sens pour toi,
soudain pourquoi on ne chante pas la force de tout ça?

Versão para o francês/version en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

I Turvos Dizeres (do poeta português João Miguel Fernandes Jorge/du poète portugais João Miguel Fernandes Jorge)/Les troubles paroles.

Vimos a areia: a praia é isto o visível.
Quando queremos exprimir a consciência
de uma verdade
este mar
tomamos areia por praia um nome pela solução.
O olhar sobre a praia é sempre uma segunda
praia de dentro tem um poder incomparável
“en vaguidades y desconciertos”.
Façamos uma experiência o oferecer
a um olhar estranho
(esta praia nasce do meu lado. Que fazer?)
prolongando
dunas pouco a pouco desvendadas

On n´a vu le sable: la plage c´est ça le visible.
Quand on veut exprimer la conscience
d´une vérité
cette mer
on prend le sable pour de la mer un nom pour la solution.
Le regard sur la plage est toujours une deuxième
plage du dedans a un pouvoir incomparable
"en vaguidades y desconciertos".
Faisons une expérience l´offrir
à un regard étranger
(cette plage naît à mes côtes. Que faire?)
prolongeant
des dunes peu à peu dévoilées

Versão para o francês/version en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson.

Poème III - Sob sobre voz (do poeta português João Miguel Fernandes Jorge/du poète portugais João Miguel Fernandes Jorge)/Poème III - Sous sur voix.

Estamos em março, o nome
é riso. O riso, ar. Qualquer corpo
está cantando, habita
nossa casa, sua gente.
Água é o lugar. Estamos limpos, digo.
Salvos, acrescentas.

Mas as águas não esperam
os olhos devagar.
Pousamos as mãos.
Posso dizer a mim próprio
o mar que se confunde
com estas palavras, com o teu rosto?
Como uma morada
é a casa que vejo?

Entretanto morremos.
Os barcos vão.
Mágicos é que nós somos


Nous sommes en mars, le nom
est le rire. Le rire, l´air. Un corps quelconque
chante, habite
notre foyer, ses gens.
L´eau est la place. Nous sommes propres, je dis.
Sauvés, tu ajoutes

Mais les eaux n´attendent pas
les yeux lentement.
Nous posons les mains.
Je peux me le dire
la mer se confond
avec ces mots, avec ton visage?
Comme une demeure
c´est la maison que je vois?

Cependant on meurt.
Les bâteaux s´en vont.
Des magiciens, voilà ce que nous sommes.

Versão para o francês/version en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

Poema I - Sob sobre voz (do poeta português João Miguel Fernandes Jorge/du poète portugais João Miguel Fernandes Jorge)/Poème I - Sous sur voix.

Vivemos sobre a terra. Apresento-te
a nossa casa, os nomes que damos às coisas,
as honras que nos são destinadas,
este corpo de sangue e nervos.

Sobre ele que julgamos vivo
dizes minha razão. A da vida
e a de outras coisas que se percebem.

Os barcos retomam lentos seu lugar
em volta de um coração marinho.
Como se morre aqui?


Nous vivons sur la Terre. Je te présente
notre maison, le nom que nous donnons aux choses,
les honneurs qui nous sont destinés,
ce corps de sang et de nerfs.

Sur lui que nous jugeons vivant
dis ma raison. Celle de la vie
et celle d´autres choses qu´on apperçoit.

Les bâteaux reviennent lents à leur place
autour d´un coeur marin.
Comment meurt-on ici?

Versão para o francês/version en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

sábado, 26 de novembro de 2011

Há domingos assim (do poeta português Ruy Belo/du poète portugais Ruy Belo)/ Il y a des dimanches comme ça.

mas o mar visível /de súbito/ de um lado e doutro do cabo carvoeiro/ no nevoeiro/ mas um nevoeiro
então muito leve/ nevoeiro apenas bastante para esfumar alguns contornos/
e deixar o sol rasante da tarde ferir-nos /atingir-nos cá muito fundo/
como as últimas flechas do dia/ condenado/ disparadas talvez pelo mar/
Olho alguns domingos o mar/ e mesmo que o olhe/ talvez através de vidros decapitados por uma janela/
reparo num ligeiro sobressalto da sua superfície supremamente sensível/
e penso que valeu afinal a pena eu ter nascido/ ser mexido e trazido até aqui/
porque pressinto que o mar é um pouco diferente só pelo facto de eu o olhar
[…]
(poema “Há domingos assim”, Toda a terra, p.72)

mais la mer visible/ soudain/ d´un côté et de l´autre du cap charbonnier/ dans les fumées/ mais dans les fumées
alors très léger/ assez de fumée pour tamiser quelques contours/
et laisser le soleil rasant de l´après-midi nous blesser/ nous atteindre là dans l´âme
comme les dernières flèches de la journée/ condamnée/ lancées peut-être par la mer/
Je regarde quelques dimanches la mer/et quoique je la regarde/ peut-être à travers des verres décapités par une fenêtre/
je remarque le sursaut léger de sa surface extrèmement sensible/
et je pense que finalement ça m´a vallu la peine d´être né/ d´avoir été bousculé et amené jusqu´ici/
parce que je prévois que la mer ne change que par le fait que je la regarde
[...]

Versão para o francês/version en français de
Luiz Fernando Gaffrée Thompson

Versos que vou escrevendo (do poeta português Ruy Belo/du poète portugais Ruy Belo)/ Les vers que j´écris.

Mas como pode ser inverno aqui na praia
perplexa perguntaste-me ó criança ainda vinda
não sei ao certo donde mas decerto não da vida
A praia que no verão tu conheceste
é calma é cor branca é céu azul é asa de ave
é tudo o que me falta agora por que então o tive
e ao ter alguma coisa só a tenho por correr o risco de a perder

(poema “Versos que vou escrevendo”, p. 126, em Toda Terra)


Mais comment ça se peut l´hiver ici à la plage
abasourdie tu m´a demandé oh enfant encore venue
je ne sais pas au juste d´où mais pas juste de la vie
La plage qu´en été tu as connue
est calme est en blanc c´est du ciel bleu c´est l´aile d´oiseau
c´est tout ce qui me manque maintenant parce que je l´ai déjà eu
et que quand j´ai quelque chose je ne l´ai que pour courir le risque de la perdre

Versão para o francês/version en français de
Luiz Fernando Gaffrée Thompson

Ode Marítima (do poeta português Ruy Belo/ du poète portugais Ruy Belo)

Ah, as praias longínquas, os cais vistos de longe,
E depois as praias próximas, os cais vistos de perto.
O mistério de cada ida e de cada chegada,
A dolorosa instabilidade e incompreensibilidade
Deste impossível universo
A cada hora marítima mais na própria pele sentido!

(poema “Ode Marítima”, p.251)


Ah, les plages lointainse, les quais vus de loin,
Et après les plages prochaines, les quais vus de près.
Le mystère de chaque allée et de chaque arrivée,
La douloureuse instabilité et incompréhensiblité
Dans l´impossible univers
A chaque heure maritime plus senti sur sa propre peau!

Versão para o francês/version en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson.

Boca Bilingue (do poeta português Ruy Belo/du poète portugais Ruy Belo)/Bouche bilingue

[…]
No meu país não acontece nada
o corpo curva ao peso de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
[…]

Ruy Belo, Boca Bilingue (1966)

(...)
Dans mon pays rien n´arrive
le corps courbe l´échine sous le poids d´une âme qui ne sent pas
On a tous une fenêtre sur la mer
(...)

Versão para o francês/version en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

domingo, 20 de novembro de 2011

O viajante.

Borboletas atravessam meu cérebro insensato
Tremo dos pés à cabeça no vácuo do trem.
sou conduzido para o além
envolto nas espumas produzidas pelos pássaros no mato.

A música tabalha meus ouvidos e martela minha aura.
Sou conduzido para fora de mim mesmo.
e vago pelo caminho lamacento a esmo
Perfumes fecais de vacas parindas envolvem a aurora.

Arrepio de prazer ao humectar a natureza
O vento acaricia meus pelos e penetra
Sou o viajante da lua, realeza

Nas palmas da mão sinto a sua doce aspereza
país longínquo, furto na minha vida de asceta.
Fruto de imagens senis e boas alargadas pela correnteza.

de Luiz Fernando Gaffrée Thomspon

Un viajero tremblando.

Estabas hecho de trenes súbitos

de pétalos malhechores

acaso aquel delgado camino del áspero susurro

la espalda de los ojos, la espuma de la estrella

Siempre voy de regreso a sitios olvidados

con la vida atroz traicionando la belleza del relámpago.

Todo se reduce al oscuro laberinto de la idea

a la trampa de las cuencas ojerosas nunca llama de corazones amplios

todo desformado, narrado hasta cansarme

en esas súplicas oscuras de música vencida.

Ya tarde, pavorosa, de confundidos pájaros

en las dieciseís horas del reloj que inventamos

un tiempo que recorre la cara de mis brazos

yo nunca dije nada

solo quedó una mano.

El secreto que busca los encuentros feroces

con cabezas hundidas impuras de miel salobre

ya no tiene aquel ojo que rugía en pulmones de quien cava sin tregua

con los puños cerrados

Sí, he vuelto, con el hilo que recubre los harapos

y ahora llueven sepulcros en varias latitudes

mientras miro los árboles que se quiebran muriendo

en el horizonte de la sombra que expira

mientras gritas que amas inútil, desparramado

y yo toda impresa en los troncos azules

de los fondos con jaulas al unísono cantando

mi nombre silencioso , testimonio profundo

de un viajero temblando.


de Laura Inés Martínez Coronel

Borboletas atravessam meu cérebro insensato
Tremo dos pés à cabeça no vácuo do trem.
sou conduzido para o além
envolto nas espumas produzidas pelos pássaros no mato.

A música tabalha meus ouvidos e martela minha aura.
Sou conduzido para fora de mim mesmo.
e vago pelo caminho lamacento a esmo
Perfumes fecais de vacas parindas envolvem a aurora.

Arrepio de prazer ao humectar a natureza
O vento acaricia meus pelos e penetra
Sou o viajante da lua, realeza

Nas palmas da mão sinto a sua doce aspereza
país longínquo, furto na minha vida de asceta.
Fruto de imagens senis e boas alargadas pela correnteza.

de Luiz Fernando Gaffrée Thomspon

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Le chat della Signora Simonetti.

Marie-Paule veut une auto-route
Mica, Paolina voi una autustrada
I Pinzutti non hannu encora fattu
La liaison rapide entre Aïatche
Portitche, Corti et Bastiie-Porette

Marie-Paule veut la Corse pastorale
L´economia delle castagne con brutche
Capitu, iu, u pensieru di Paolina
Per avere piu di paesini e di capre
Bisogna avoir un tunnel doppu Bastiie

Mais Paris est le coupable de tout
Du fait que Paolina mica parla corsu
Du mal de dents de mon chien
Et du mal à estomac de son chat

de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

domingo, 13 de novembro de 2011

Les éthnies au Brésil.

Oui, mais ça dépend beaucoup de comment le metissage, la colonisation et les préjugés se présentent. Chaque cas est un cas et, c´est pour ça, à cause de la réalité brésilienne, que je conteste votre attachement aux traditions. C´est parce que chez nous ce qui a été fait a donné des fruits parfois très différents de ce qui a été fait ailleurs. Des fois ça se ressemble. La formation du Brésil ressemble beaucoup à celle des Etats-Unis. Les Européens, des Portugais, sont arrivés ici et il y avait les indiens. Ces indiens étaient clairsemés et vivaient dans l´ état de civilisation de la pierre polie (je ne sais pas comment on dit en français ça, mais je crois que vous le comprenez). Leur organisme était faible par rapport aux maladies apportées par les Européens. D´autre part, ils n´avaient pas la culture de l´esclavage et du travail, qui vont ensemble, et qui faisait déjà partie des cultures des peuples tels les Mayas, Aztèques, Inca ou Africains. Ici, c´étaient comme aux EUA. Bon, les indiens, ils mourraient, ils s´enfuyaient ou ils s´acculturaient. Alors les Portugais ont décidé de faire venir les Africains noirs, qu´ils achetaient en Afrique à d´autres Africains. Ils prenaient le soin de ne pas rapporté vers les mêmes endroits des noirs de même éthnie, pour qu´ils ne puissent pas communiquer entre eux et donc ne pas s´organiser pour se révolter. Ce qui faisait qu´ils étaient obligés à apprendre le portugais, pas seulement pour communiquer avec leurs maîtres, mais encore entre eux aussi, puisque c´était la seule langue commune. Les autres populations européennes et les asiatiques venues après n´ont jamais formé de ghetto. Elles se sont toujours acculturées et métissées, je ne saurais pas dire pourquoi. Et ce jusqu´à présent. Personnellement, je crois que c´est parce qu´à partir de 1808, le Brésil a perdu son statut de colonie pour devenir la métropole: la cour portugaise a déménagé ici à cause des invasions napoléoniennes et Rio est devenu la copitale de l´Empire Portugais, puis, quand la cour a dû partir, elle n´est pas partie intégralement, le prince héritier du trône portugais est resté ici et c´est lui qui a fait l´indépendance du Brésil, qui est devenu un empire indépendant, mais évidemment très lié à celui du Portugal, puisque le père régnait là-bas et le fils ici. Symboliquement c´était et est encore très important, je pense. Bon, toutes ces populations se sont mélangées et se mélangent encore. il est difficile de trouver un Brésilien qui n´ait pas plusieurs origines et qui n´ait pas d´origine portugaise, ils ont toujous immigré ici et immigrent encore. il est difficle de trouver un Portugais qui n´ait de famille au Brésil ou un Brésilien qui n´ait pas des orignes portugaises. Moi, par exemple, je suis petit-fils d´Anglais, mais j´ai des origines, anglaises, portugaises, espagnoles, françaises et indienne (de indiens du Bréisl, pas de l´Inde, ici il n´y a pas de gens venus de l´Inde ni de musulmans, ceux qui sont venus des pays du Moyen-Orient sont catholiques). Donc, on est tous agglutinés dans cette culture de base portugaise, aux fortes influences des cultures noires, et peu des autres, mais, parmi ces influences moins importantes, il y a celles des Italiens et des indiens. Actuellementm nous avons à peu près 50% de la population au fénotype blanc (le génotype ne compte pas pour nous), 40% de gens aux fénotype métis et 10% au fénotype noir. Les préjugés existent et plus on est blanc, mieux on est coté socialement et plus on est basané, moins on est considéré socialement. Par exemple, il y a des quotas pour entrer dans les universités. Si deux frères, l´un de fénotype métis et l´autre de fénotype blanc se présentent, le premier aura droit à entrer dans le quota, parce qu´il est passible de souffrir de racisme, tandis que l´autre non. Je réponds á ta question: nous sommes issus des étnnies les plus diverses, nous avons des gens blonds comme des Suédois, noirs commme de Sénégalais ou aux yeux bridés comme des Japonais (normalement tous, au point de vue génétique, métissés) et nous avons, pourtant, la même culture.

de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

L´Armistice et le calvaire corse..

Mais quand même, mesdames! Je parle une langue romane comme langue maternelle et je crois que vous vous êtes déjà rendues compte que suis une personne assez cultivée. M´expliquer ce que ça veut dire "armistisce" c´est m´offenser, ou s´offenser soi-même, en faisant preuve de votre ignorance. "Armistice", en portugais, c´est "armistício", voyons, mesdames, il suffit de penser un peu à comment cela se dit en italien ou en votre cher corse!!! Ce dont je ne me rappelais pas c´est ce que cette date représentait pour vous, je ne suis pas Européen! Mais après, en lisant la presse française j´ai vu que c´est bien ceci: la fin de la Deuxiéme Guerre Mondiale. Et, d´ailleurs, selon Marie-Paule, il s´agit aussi de la fin d´un des maints chapitres du calvaire vécu par le peuple corse pendant toute son existence de martyr. D´ailleurs, je n´ai plus envie d´aller en Corse...pour pleurer sur le sort d´un peuple, je n´ai pas besoin de sortir de chez moi, puisque j´ai les indiens à côté! Si c´est pour interagir avec un peuple de malheureux, naîfs et bêtes qui, les seuls, pendant toute l´histoire de l´humanité se sont battus sans savoir pourquoi, en servant de balles de canons, je préfère aller ailleurs!
Non, c´est la fin de la Première, me dit mon amie Marie-Paule, heureusement que j´ai des amis savants qui m´éclaircissent l´Histoire. Bon, apparemment aussi ce n´est pas que les Corses qui se font faits tuer inocemment pendant cette guerre, même si ce n´est pas qu´eux qui aient été cités, mais toute une floppée de martyrs venus des quatre coins de l´Europe (ce que je croyais bien). Ceci dit, il n´y a pas eu de mouvement interne de victimisation du peuple corse de la part de mon amie...alors je commence à avoir envie de revenir en Corse, qui, d´ailleurs je connais bien et ne m´a jamais semblé habitée par un peuple martyrisé, bien au contraire


de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Solísima hendidura.

los pocos peces escasos en el cemento del sueño

es como si estuvieramos contemplando la invenciòn del destierro

llevo manos al galope verticales y hùmedas para negar el armònico desarticulado incendio

Despuès de algunas copas invertidas con cabellos de metal empañado

he dicho que no desde el abrazo y un latido en una caja se destruye sobornado

por la sùplica de guitarras nunca angèlicas.

Me desvanezco.

Desaparezco de mì con el parto de las venas ausentes

no existo en los pàjaros sùbitos, tampoco en el rìo

ni en las diestras caricias de la sombra feliz del adiòs permanente.

Soy la solìsima hendidura

de los lìmites ardientes

la sangre que invade el parto doloroso del destino con su fina sombra de espejos

cabezas que estallan sobre el mar que se contempla a sì mismo.

El cansancio parte de la sal.

La puerta entornada escupe labios y mejillas apagadas.

No regreso

El aire estremecido de la mùsica apaga el nombre de tus ojos

de Laura Inés Martínez Coronel.


Renasço e volto

é um parto às avessas

todo o sangue que derramastes

todas as vísceras que vomitastes

todos os teus sonhos em vão


reconstituem-me, parte de ti


retomo a vida em teu lugar

para enaltecer-te e reviver


o nosso amor.


de Luiz Fernando Gaffrée Thomspon

domingo, 6 de novembro de 2011

Volver jamás/Voltar? Nunca!.

"La mente que se abre a una nueva idea,

jamás volverá a su tamaño original"

A.Einstein







Ojos que duelen de abiertos



de falta

de lentes



de no poder volver





Mente zumbido

incesante



del orden



del mundo.





Qué idea es solidaria del caos de los cuerpos?



Qué idea irá a ensanchar el tiempo de la Vida?



Qué idea estallará

el espacio que es de otras

y otros?



Qué idea

porvenir.





de Alejandra Alma



Pensar conduz à aceitação da vida

sentir conduz ao prazer e ao sofrimento,


à verdadeira vida


Eisntein simboliza a compreensão do que está fora de nós

Feud conduz à incompreensão benfazeja do que está dentro de nós


de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

sábado, 5 de novembro de 2011

cuerpos inadvertidos.

Quiero saber como es el rojo mundo agobiado de nuncas

el inmóvil amargo herrumbre, también la dorada impaciencia

la ebriedad de la locura y el legajo

de un hartazgo de lepra suburbana

Quiero tarde que advierte cuerpos y manos llenas de dedos amputados

desaparecidas esperanzas hastío de nombres

el margen bastardo que interrogas los agónicos estambres.

Quiero saber el quejido nubarrón de la glotis azulada

el áspero misterio con sus nódulos plurales

la tierra fatigada transoceánica

con la inmortalidad maravillosa de las inquietudes con sus máscaras.

Recuerdo que nunca recordabas.

Eso trascendía el hambre de la soledad para apagar el cansancio de la madera

Las hienas crecen desde la raíz,se instalan y se matan a diario sobre el agua cálida

médulas sin vocación de llama.

Senos huracanados aman las piedras

las que nunca han de gritar los gemidos de la noche

ortiga sideral comprende poco.

Esta tarde descalza sobre fuego visto largas estrellas en el cuerpo

ya no quedas en los bolsillos mariposa turbia

ya no eres con los muslos despedazados mi próximo beso

yo sola en el mínimo descortés gesto que abre las lámparas

no merma el esfuerzo de haber quedado detenida

en un minutero de cardos en la tierra.

El hueso de la mañana crece y alimenta los sonidos

nunca esperé otra cosa que una lágrima

en el arco de nacerse mercader de la palabra

hay tantos cuadernos rebosantes de agujeros

siempre distraída digo tiempo

y apareces exactamente en la habitación de la cual ya me he fugado

para retornar convertido en recorridos de ciego.

Pero ya no tengo lámparas campana y

suben manzanas altaneras en la sombra áspera del viento.

de Laura Inés Martínez Coronel


Em mim, salientam-se elementos básicos da alquimia: terra, mar. ar e fogo

Esses elementos transparecem pútridos, fétidos, mornos e avassaladores

A quintessência se faz pela mistura nauseabunda do que resultará em

Renascença...Renascença

em mim, que represento todos nós, seres vadios.

de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Poesia portuguesa contemporânea V. Poemas de Fernando Assis Pacheco.

AS BALAS


São de ferro. Ou de aço?
Diz-se que fazem à entrada
um pequeno orifício,
seguido de uma grande
devastação de carnes
sangrentas. Por isso matam.
Li tudo sobre a morte.
Escrevi sobre a minha
e depois embebedei-me.
A bala vem pelo ar
(ruído onomatopaico) e
crava-se, cava, ceva-se
nessas carnes. Era a minha.
Tive uma bala marcada:
à última hora telefonei
a desistir. 'da-se!
Pior pra o Soares que entra
nestes versos já morto.
São de ferro. A tua era,
ó Soares, ou de aço,
e “agora choro contigo”
ausente uma vila
branca do Alentejo: tu.

Diz-se que fazem assim
um pequeníssimo estúpido
orifício (não quis ver)
como um botão mas
destroem tudo, devastam
tecidos, vísceras nobres,
e então trazem até nós
a morte sanguinolenta.
Se ainda as fabricam
como no meu tempo, creio
que matam num, ah pois,
infinitésimo de segundo.
É brutal. Eu ouvi-as:
perde-se a tesão por um século.


de Fernando Assis Pacheco


Les balles

Elles sont en fer. Ou en acier.
On dit que quand elles entrent
elles font un petit orifice
suivi d´une grande
dévastation de chairs
sanglantes. Voilà pourquoi elles tuent.
J´ai tout lu sur la mort.
J´ai écrit sur la mienne
et après je me suis soûlé.
La balle vient par l´air
(bruit d´onomatopée) et
creuse, crache, crève
dans ces chairs. C´était la mienne.
J´ai fixé un rendez-vous avec une balle
au dernier moment j´ai téléphoné
pour l´annuler. Tant pis!
C´est pire pour Soares qui entre
dans ces vers mort déjà.
Elles sont en fer. La tienne l´était
oh Soares, ou en acier,
et "maintenant je pleure avec toi"
qui n´est pas là un village
blanc de l´Alentejo: toi.

On dit qu´elles font ainsi
un tout petit et bête
orifice (je n´ai pas voulu regarder)
comme un bouton mais
elles détruisent tout, dévastent
les tissus, les entrailles nobles,
et alors amènent jusqu´à nous
la mort sanguinolente.
Je ne sais pas si on les fabrique encore
comme de mon temps, je crois
qu´elles tuent en une, et v´là,
infime fraction de seconde.
C´est brutal. Je les ai entendues
ne plus aller dressées au but pendant un siècle.

Versão francesa/version en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

Poesia portuguesa contemporânea IV. Poemas de Fernando Assis Pacheco.

MONÓLOGO E EXPLICAÇÃO


Mas não puxei atrás a culatra,
não limpei o óleo do cano,
dizem que a guerra mata: a minha
desfez-me logo à chegada.

Não houve pois cercos, balas
que demovessem este forçado.
Viram-no à mesa com grandes livros,
com grandes copos, grandes mãos aterradas.

Viram-no mijar à noite nas tábuas
ou nas poucas ervas meio rapadas.
Olhar os morros, como se entendesse
o seu torpor de terra plácida.

Folheando uns papéis que sobraram
lembra-se agora de haver muito frio.
Dizem que a guerra passa: esta minha
passou-me para os ossos e não sai.


de Fernando Assis Pacheco.


Monologue et explication


Mais, sur la gâchette, je n´ai pas tiré
l´huile du canon, je ne l´ai pas nettoyée
on dit que la guerre tue: la mienne
m´a défoncé tout de suite à l´arrivée

Il n´y a pas eu de siège ni de balles
capables de dissuader ce forçat.
On l´a vu à table avec de grands livres,
avec de grands verres, de grandes mains atterrées.

On l´a vu pisser la nuit sur des planches de bois
ou sur des herbes un peu râpées.
Regarder les collines, comme si on avait compris
sa torpeur de de terre placide.

En feuilletant des papiers qui sont restés
il se rapelle maintenant d´avoir eu très froid.
On dit que la guerre s´en va: la mienne
s´en est allée dans mes os et n´en sort pas.


Versão francesa/version en français de
Luiz Fernando Gaffrée Thompson.

Poesia portuguesa contemporânea III. Poemas de Fernando Assis Pacheco.

A epopeia

Mas. Sobrevinha o sono.
E porém. Último
entre todos adormecia

porque. Aqui entra
uma explicação. Ao
fundo do quarto

comum estava posta
poisada. Isto é. Dentro
da bota uma granada

espoletada. Ou seja.
Pronta a mandar hein?
tudo para as malvas

(glg, a boca seca).
De onde eu ficar
sempre um pouco mais.

Pensando em coisas.
Como seja. Sem
o f. da p. saber

esconder-lhe um dia
a bota. A granada.
Sob o travesseiro!

de Fernando Assis Pacheco


L´épopée

Mais. Le sommeil venait.
Et pourtant. Le dernier
parmi tous je m´endormais

parce que. Ici on donne
une explication. Au
fond de la chambre

commune il y avait
posée. C´est-à-dire. Dans
la botte une grenade

déclenchée. Soit.
Prête à renvoyer hein?
tout sur les roses

(glg. la bouche sèche)
D´où découle que je reste
toujours un peu plus

A penser à des choses.
Telles. Sans
que le salaud sache

un jour cacher
la botte. La granade.
Sous l´oreiller!


Versão francesa/version em francês/en français
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson.

Poesia portuguesa contemporânea II. Poemas de Fernando Assis Pacheco.

Poeta no supermercado

Indignar-me é o meu signo diário.
Abrir janelas. Caminhar sobre espadas.
Parar a meio de uma página,
erguer-me da cadeira, indignar-me
é o meu signo diário.

Há países em que se espera
que o homem deixe crescer as patas
da frente, e coma erva, e leve
uma canga minhota como os bois.
Há paises destruidores de seus homens,
países nocturnos, tempestade.
E há os poetas que perdoam. Desliza
o mundo, sempre estão bem com ele.
Ou não se apercebem: tanta coisa
para olhar em tão pouco tempo,
a vida tão fugaz, e tanta morte...
Mas a comida esbarra contra os dentes,
digo-vos que um dia acabareis tremendo,
teimar, correr, suar, quebrar os vidros
(indignar-me) é o meu signo diário.


de Fernando Assis Pacheco



Le poète au supermarché


M´indigner est mon signe de tous les jour
Ouvrir les fenêtres. Marcher sur des épées.
M´arrêter au milieu d´une page,
me redresser dans une chaise, m´indigner
est mon signe de tous les jours.

Il y a des pays où l´on s´attend
que l´homme laisse pousser ses pattes
du devant, et mange de l´herbe, et porte
un carcan comme le joug des boeufs
Il y a des pays destructeurs de leurs hommes,
des pays nocturnes, tempête
Et il y a des poètes qui pardonnent. Glisse
le monde, ils sont toujours en paix avec lui.
ou ils ne s´apperçoivent pas: tant de choses
à regarder en si peu de temps,
la vie si fugace, et tellement de morts.
Mais la nourriture se heurte contre les dents,
je vous dit qu´un jour vous finirez par trembler,
bouder, courir, suer, casser les verres
(m´indigner)est mon signe de tous les jours.

Versão francesa/version en français de
Luiz Fernando Gaffrée Thompson.

Poesia portuguesa contemporânea I. Poemas de Fernando Assis Pacheco.

O POETA CERCADO


O poeta está cercado. Espera-o
um avô muito velho.
As cartas chegam com pequenas manchas
de lágrimas – alguém ao longe invoca
o poeta cercado. E ele grita:
afaste-se a noite. Mas vem a noite
cercá-lo ainda mais.
Uma casa com um avô muito velho
manda revistas, soluços, cartas,
apaga-se na distância. (Mas vem o medo
cercá-lo ainda mais.)

O poeta escreve os seus papéis
furtivamente.
Come com gestos lentos e imprecisos.
Bebe em silêncio. Olha as matas em volta.
Dorme enrolado no seu cobertor
como o romeiro do Senhor da Serra,
mas pior, e menos, porque não há deus.

O poeta cintila penosamente
entre o nevoeiro.


de Fernando Assis Pacheco



Le poète encerclé

Le poète est encerclé. On l´attend
c´est un pépé très vieux.
Les lettres arrivent tachées de petites taches
de larmes - quelqu-un au loin invoque
le poète encerclé. Et il crie
que la nuit s´éloigne. Mais la nuit vient
l´encercler encore plus
Une maison et un pépé très vieux
lui envoie des magazines, des sanglots, des lettres
s´efface au loin. (Mais la peur vient
l´encercler encore plus).

Le poète écrit ses papiers
furtivement
Il mange avec des gestes lents et précis.
il boit en silence. Il regarde tout autour les forêts.
Il dort enroulé dans sa couverture
comme le pèlerin du Seigneur de la Sierra
mais pire, et moins, parce qu´il n´y pas de Dieu.

Le poète cintille péniblement
dans le brouillard.


Versão francesa/version en français de
Luiz Fernando Gaffrée Thompson.