A minha vida imita a minha arte

Espero que gostem
das nossas imitações
colocadas em palavras
virgulando, reticenciando
Nossos mergulhos
Nessa loucura chamada
Pensamento

Luciana Gaffrée

domingo, 27 de março de 2011

O A B C da Córsega para brasileiros incautos.

Antes de mais nada, é bom que se diga que ela existe. Quando olharem uma mancha sem cor nos mapas da Globo, acima da Sardenha e ao lado da bota italiana, ou ao Sul da França...é ela que surge, num doce balanço, em pleno mar, a Córsega. Não, não é um fantasma, não é um país independente, que ninguém conhece, como aqueles pedacinhos de ex-Iugoslávia, que nem fazem parte do Mercado Comum, nem tampouco um terreno não habitado: é a Córsega! "Corse" em francês, sim porque faz parte da França metropolitana, como a Provença (que a mídia brasileira teima em charmar de "Provence", ou por esnobismo ou por ignorância, "Provence", palavra francesa - adotada pelos anglófonos - que nós, lusófonos, não podemos nem mesmo pronunciar). Não, os habitantes da Córsega não são "córsegos", mas corsos! Também não estão a milhares de kms. do continente francês, mas a 200 km, ou seja , mais ou menos a mesma distância que separa o Rio de Angra. Não, não se trata de uma ihota como Paquetá (ou como supomos que seja Santa Helena, onde Napoléão morreu! ). É uma ilha que tem as dimensões da terça parte do Estado do Rio, isto é, como se fôssemos daqui do Rio até Búzios e, no interior ,até a divisa com Minas. Não se trata da Argélia! Pois são católicos, europeus (digamos: são italianos afrancesados) e estão a, dependendo do tipo de embarcação que se tome, de 6 a 2 horas de Marselha ou Nice. Também não é Cabo Verde ou o Saara...não imaginem que o terreno seja plano, arenoso e quente! Ao contrário, tem estrutura alpina, com estações de esporte de inverno (no inverno!) - Val d´Èse, por exemplo -; aliás, no inverno, das cidades costeiras veem-se as montanhas nevadas, como aqui no Rio, da praia vemos as montanhas, só que lá são bem mais altas, brancas de nevel. O clima, não, não é quente e seco como um clima senegalesco! É como no Sul do continente francês, como em Portugal...pronto! Só que com altas montanhas, como nos Alpes. Não, não falam um dialeto exquisito. Todos falam francês, com o sotaque mais próximo do parisiense que os das classes populares de Marselha. A infraestrutura turística é excelente e os corsos muito gentis e refinados. Você pode ir de avião de Paris-Orly ou de Marselha ou de Nice. Ou então por mar, a partir de Marselha ou Nice. No inverno a viagem marítima dura 6 horas et tem que ser feita dessas duas cidades da costa provençal até Ajaccio (pronuncia-se Ajacciô) ou Bastia (pronucia: Bastiá). No verão, é o que entendi, pois nunca estive lá nesta estação, pode-se ir até lá de barco de várias outras cidades da Côte d`Azur - e até de algumas cidades italianas - em 2 horas pois há aerobarcos velozes. É chic, intimista (não percam o trabalho manual em cerâmica, cutelaria e lutherie que fazem) e sobretudo, de uma beleza estonteante para quem vem dos trópicos.


de Luiz Fernando Gaffrée Thompson

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