A minha vida imita a minha arte

Espero que gostem
das nossas imitações
colocadas em palavras
virgulando, reticenciando
Nossos mergulhos
Nessa loucura chamada
Pensamento

Luciana Gaffrée

domingo, 20 de maio de 2007

O pão, o ditador e o milagre

"Não há, repito-te, preocupação mais aguda para o homem que encontrar o mais cedo possível um ser a quem delegar esse dom da liberdade que o infeliz traz consigo ao nascer. Mas, para dispor da liberdade dos homens, é preciso dar-lhes a paz da consciência. O pão te garantia o êxito: o homem se inclina diante de quem llhe dá, porque é uma coisa incontestável, mas, se um outro se torna senhor da consciência humana, largará ali mesmo o teu pão para seguir aquele que cativa sua consciência. Nisto tu tinhas razão, porque o segredo da existência humana consiste não somente em viver, mas ainda em encontrar um motivo para viver. Sem uma idéia nítida da finalidade da existênia, prefere o homem a ela renunciar e se destruirá em vez de ficar na terra, embora cercado de montes de pão. (...)
Esquece-te então de que o homem prefere a paz e até mesmo a morte à liberdade de dicernir o bem e o mal? Não há nada mais sedutor para o homem do que o livre-arbítrio, mas também nada mais doloroso. (...)
Sem dúvida recebendo de nós os pães, verão bem que tomamos os deles, ganhos com o seu próprio trabalho, para distribuí-los, sem nenhum milagre; verão bem que não mudamos as pedras em pão; mas o que lhes causará mais prazer que o próprio pão será recebê-lo de nossas mãos! Porque se lembrarão de que outrora o próprio pão, fruto de seu trabalho, mudava-se em pedra em suas mãos, ao passo que, quando voltaram a nós, as pedras tornaram-se pão. Compreenderão o valor da submissão definitiva. " Fiódor Dostoiévski - Os irmãos Karamázov

Um comentário:

Anônimo disse...

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