A minha vida imita a minha arte

Espero que gostem
das nossas imitações
colocadas em palavras
virgulando, reticenciando
Nossos mergulhos
Nessa loucura chamada
Pensamento

Luciana Gaffrée

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Fábula comunista, feminista e realista com sua versão francesa, Fable communiste, féministe et réaliste.

Levanto-me cedo
Ouço o estampido do solo
Aproximo a minha cabeça
Sei que há o que carregar

Sou operária, combatente, trabalho!
Não trepo, não temo,
Não ponho ovos
Mas não sou estéril:
Produzo néctar para a Minha Rainha

Lavo as minhas mãos, amiúde!
Pego a estrada
A pé!
Seis, oito, todas as patas!

Encontro minhas companheiras
Um dedo de prosa
Mais outra outra conversinha
E lá vou eu...diligente!

Minha Patroa é divina
Ela voa, fode, choca, põe ovos, procria!
Tem todos os machos só para Ela
Eu venero a Rainha!

E lá vou eu, célere, séria e ocupada
Vou ajudar a carregar a barata morta.
Tornar-se-á mel
Para a Minha Soberana alimentar

O produto do meu lavor
Pesado, braçal e intelectual
É para dar de comer às Princesas
Aos futuros machos, príncipes presguiçosos e lascivos
E às trabalhadoras, escravas como eu, sóbrias!

De repente escarcéu no céu
Uma cigarra canta
Batem forte no chão
Ouço!
É o chamado de emergência:
Todas árvore acima, já!

O exército se forma, sobe
O ferrão em brasa, todas!

Chegamos ferimos de morte a cantora
Ela cai!

Vingadas!

Voltamos para a nossa faina
Carregar, agora a alada de verão,
Alada como Sua Majestade,
Fazer comida
Alimentar
Fazer a corte...
Serenas!


Je me lève tôt!
J´entends le son du sol
J´approche ma tête
Je sais qu´il y a de quoi porter

Je suis ouvrière, combattante, je travaille!
Je ne baise pas et je suis courageuse
Je ne ponds pas
Mais je ne suis pas stérile
Puisque je produis du nectar pour Ma Reine

Je lave mes mains, souvent!
Je prends la route
A pied!
Six, huit, maintes pattes!

Je retrouve mes compagnes
Quelques mots
Un petit sourire par ci par là
Et je m´en vais...sage!

Ma Maîtresse est rare
Elle vole, fout, couve, enfante!
Elle a le goût des mâles rien que pour Elle

Je vénère Madame La Reine

Je part de suite, sérieuse et occupée
Je vais aider à porter le cafard mort
Qui deviendra du miel
Pour Ma Souveraine alimenter

Le produit de ma labeur
Lourde, physique et intellectuelle
Va nourrir les Princesses,
Les futurs mâles, princes fainéants et lascifs
Et les travialleuses comme moi, sobres!

Soudain du fracas sur le toit
Une cigale chante
On tape fort sur le sol
J´entends!
C´est l´appel d´urgence
Toutes sur cet arbre tout de suite!

L´armée se range,
Monte
L´aiguillon en braise
Toutes!

Vengées!

On revient à nos tâches
Porter, maintenant l´ailée d´été,
Ailée comme Sa Majesté,
Faire de la bouffe
Nourrir
Faire la cour...
Sereines!

de Luiz Fernando Gaffrée Thompson


y también algo se siente
y algo se huele y disputa...
decir, escribir, trabajar, vivir
algo del instante que no es vano
recrear...

o labor da mulher

et aussi on sent quelque chose
et quelque chose pour laquelle on lutte
dire, écrire, travailler, vivre
quelque chose de l´instant qui n´est pas en vain
récréer...

la labeur de la femme

de Alejandra Alma,
versão francesa de Luiz Fernando Gaffrée Thomposon.

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