A minha vida imita a minha arte

Espero que gostem
das nossas imitações
colocadas em palavras
virgulando, reticenciando
Nossos mergulhos
Nessa loucura chamada
Pensamento

Luciana Gaffrée

domingo, 30 de janeiro de 2011

Le meurtre de l´absence/O sacrifício da ausência/Prece na roça/Poema cóncavo

Le meurtre de l´absence


Je sentais la labeur de mes instincts
L´oeuvre de la faim et du désir
Du manque d´odeur et d´énergie
Du corps exempt du toucher
Des yeux blouclés comme un paquet

Je cherchais ta lumière et ta chaleur
J´avais froid, je voulais ta protection
Je voulais brûler ma langue dans ta crème
M´évanouir dans l´odeur sacrée de ta sueur

J´ai réussi à me rendre tout entier à toi
A devenir tout entier des cuvettes profondes
A pouvoir comme des bassins accueiilir tes fuites

Je t´ai attendu comme une vierge

Ta verge n´est jamais venue!



Tradução para o português

O sacrifício da ausência


Eu sentia a força dos meus instintos
A obra da fome e do desejo
A falta de cheiros e de energia
Do corpo repelindo os toques
Os olhos cerrados com papel pardo

Eu buscava tua luz e teu calor
Eu sentia frio e queria tua proteção
Eu queria queimar minha língua nos teus fuidos
Perder-me envolto pelo odor sagrado do teu suor

Consegui entregar-me a ti
Virei um emaranhado de bacias profundas
Podia, com cubas e mais cubas, acolher-te

Esperei como uma virgem

O varão nunca chegou!


Original em francês e tradução para o português
de Luiz Fernando Gaffrée Thompson


Prece na roça

O varão pegou o trem
Antes passou no banco
Comprou roupa cara
Até se depilou...

O varão levava malas
Algumas fotos das filhas
Tinha passaporte novo
E transpirava muito

O varão até tocou a maçaneta
Girou com força e sentiu o vento
Lá fora havia muito ar fresco
A porta até se escancarou

Mas a mais novinha cutucou
Ele olhou quase pro chão
A menininha pediu colo
Estava com fome, mosquito picou

Um minutinho não vai fazer diferença
Pra ir lá em cima tem que acender a luz
Clarear a casa de novo
E o trem, pego amanhã

de Luciana Gaffrée



Poema cóncavo

cuencos vasijas
cavando hondura
tocando en sueños
una sedel
hambre cóncava...
hueca hasta el fondo
deshidratado
de tu mirar
ausente.

de Alejandra Alma

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