A minha vida imita a minha arte

Espero que gostem
das nossas imitações
colocadas em palavras
virgulando, reticenciando
Nossos mergulhos
Nessa loucura chamada
Pensamento

Luciana Gaffrée

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Necesito enajenarme

En este triste paisaje
corrupto archivadero
del almas impunes
aguardo en un silencio
de final de corredor.
Lumen ilumina
tétricamente el pasillo,
junto a la mampara
media docena de bancos
sostienen cuerpos cansados.
Único aroma reinante
el de tinta china
y detergente barato.
Hay una única salida:
la entrada.
Un extintor, el artefacto
más bello de la sala
reina omnipotente
sobre la escamada
pared azul.
El funcionario infame
chilla con gritos mudos.


Mi turno


de Julio Pereira




Pronto! Agora é a minha vez!
Ocupo meu posto!...
paredes descascadas, infiltrações
cheiro de tinta fresca e de mofo
as diversas camadas do muro estão gélidas!
tudo cinza, empoeirado, turvo...
ah, sim vejo vultos, ouço murmúrios...


Um extintor!..triunfante...vermelho...possante...
brilha mais e mais, cresce, ocupa tudo:
rompe o limite superior
quebra o solo, imenso!


agarro-me a seu gatilho,
miro nos aparentes seres humanos,
pressiono-o com todo o meu corpo
o esguicho varre tudo
as pessoas desmilinguem-se como borrões
encostadas nas paredes que se partem e esvoaçam


o vermelho metálico ocupa o espaço, o céu e a terra


Vago por tua ausência
Sem entrada: destruída!
Sem saída: destruída!


de Luiz Fernando Gaffrée Thompson.


Me agarro al gatillo de mi silla de oficina
De estas negras confortables pero no tanto
Abro los cajones de mi despacho
De estos grandes y útiles pero no tanto

Me agarro al reloj de mi pulso
De estos redondos de puntos claros pero no tanto
Miro las fotos de mi amada esposa
De estas esposas que te aman pero no tanto

Acepto el café que me ofreces
De tus negras manos serviles
Sé que esperas tu sueldo menguado
Y te veo encorvarse hacia mí pero no tanto

de Luciana Gaffrée

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