Então nasci então era pobre então vivi sem mim
Porque o corpo só sabe ser meu só em dia de Artigas
Quando não me bolem e minha cabeça é tão bolinha de gude
Pequena pensa não faz tão pouco tempo caixinha feliz
Meus olhos então captam minhas mãos então protegem
São rápidos e desorganizados e metem e rasgam e doem
Vou e venho corro e apanho e na cabeça o sol e a vida o lixo
Perdi um pai achei outra mãe me confundi de irmãos sei pensar direito não
De velha chorarei tanto que ficarei sem cordas vocais
De velha serei tão enrugada que nem eu mesma acredito
E se você nessa hora vier me perguntar sobre a minha vida
Gargalharei e com meus olhos esbugalhados te contagiarei de mim
E tua culpa, desgraçada patricinha perfumada, será tão ridícula
Que melhor mesmo esquecer que um eu como eu nasceu
De Luciana Gaffrée
Pois a pratricinha se olha no espelho
Odeia a prisão de seus perfumes franceses
De seus modelitos da Farm
De suas nights inúteis para se exibir.
Ela te inveja!
Ainda não pode ter rugas!
Nem sobrepeso
Nem experiência de vida
Mas pode alcançar a sua verdade
Abandona seu luxos,
Seus confortos inúteis
Sua vida vã
Atingi-se na alma
Tingi-se de sua cor
Existe!
De Luiz Fernando Gaffrée Thompson
espejo que me viste y me has vestido
niña adolescente mujer embadurnada
el tiempo corriendo detrás tuyo
o tú corriendo al tiempo
en reloj de arenas movedizas
donde duelen hieren sangran los momentos
mi cuerpo se oxida y se renueva
águila reconstruyendo, dice el cartel
"prohibido pasar" ..espera, espejo
estoy cambiando mis uñas y mis plumas
en lo alto de mi cima en los ligeros vientos
ni un murmullo allá arriba, no hay crítica
no critica ni un señor ni un niño ni un espejo
no hay arenas movedizas sino quietas
aguardando el gran momento
así de claro:
EL GRAN MOMENTO.
de Vivian Rabinovich
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